domingo, 29 de novembro de 2009

Caso Suzane Von Richthofen

Psicólogos e psiquiatras divergem sobre
personalidade de Suzane von Richthofen
Parte dos especialistas acha que a ré tem problemas mentais.
Em outubro, juíza negou benefício do regime semiaberto à jovem.

Médicos, psicólogos e assistentes sociais tentam descobrir a seguinte resposta: Suzane Richthofen, a jovem que participou do assassinato dos pais, em 2002, é uma pessoa fingida, dissimulada? Ou está realmente arrependida do que fez? Para a Justiça, ela ainda não está recuperada e não deve sair da cadeia. Os especialistas têm opiniões divergentes.

O que pensa Suzane Richthofen, sete anos depois de ter participado da morte dos pais? Especialistas em desvendar a mente humana tiveram que encontrar uma resposta. Durante entrevistas com dois psiquiatras, dois psicólogos e uma assistente social, a jovem pediu uma segunda chance e disse que não vai voltar a aceitar propostas erradas. O psicólogo e professor de criminologia da USP Alvino Augusto de Sá foi designado pela Justiça para acompanhar os depoimentos. “Na entrevista, ela se mostra arrependida, que foi realmente uma grande desgraça que se abateu sobre a vida dela, sobre a vida dos pais dela”.

Exame

A ex-estudante de direito, que está presa na cadeia feminina de Tremembé, no interior de São Paulo, já cumpriu pouco mais de seis anos - um sexto da pena. Assim, teria direito ao regime semiaberto, no qual o preso sai da cadeia durante o dia para trabalhar e só volta à noite. Antes de tomar uma decisão, a Justiça exigiu o chamado exame criminológico, que incluiu, além de entrevistas com a jovem, uma série de testes psicológicos e psiquiátricos. “Há certas características de personalidade que não mudam, como, por exemplo, se a pessoa é agressiva, se a pessoa tem um conflito psicológico muito profundo de relação com os pais”, explica o psicólogo. Em Tremembé desde 2007, Suzane tem 26 anos, frequenta cultos evangélicos. Trabalha na oficina de costura da cadeia, pega livros com frequência na biblioteca e fuma cerca de 15 cigarros por dia. Os funcionários a consideram uma presa exemplar.

Uso de drogas

Aos psiquiatras, psicólogos e assistente social que acompanharam as entrevistas, Suzane contou ter usado drogas como maconha, cocaína, ecstasy e solventes, sendo incentivada, segundo ela, por Daniel Cravinhos, então namorado. A jovem também o culpou de ter planejado o crime. Ela disse que levava uma vida de princesa, tinha tudo o que queria, mas que, como os pais dela eram contra o namoro, Cravinhos a convenceu a participar do crime. Hoje, a jovem acha que já pode sair da cadeia, porque estaria recuperada, amadureceu e aprendeu o valor da família. A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora de livros sobre transtornos mentais, não concorda. “Uma menina universitária, inteligente e esperta conclui exatamente como deve agir e se portar para que possa receber os benefícios da lei”.

Opiniões divergentes

Uma pessoa que conhece bem a rotina de Suzane Richthofen afirma que ela é manipuladora. Disse ao Fantástico que a jovem escolhe duas presas para lhe dar proteção e que, em troca, oferece ajuda dos advogados dela. Quando essas companheiras conseguem, por exemplo, o benefício de deixar a cadeia, Suzane escolhe outras presas como protetoras. “Só mostra esse poder de articulação e de sedução. É totalmente condizente com a personalidade dela, sem surpresa nenhuma”, afirma a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva. Os psicólogos que examinaram Suzane avaliaram que os relacionamentos da jovem seriam precários, infantis, atendendo exclusivamente às suas demandas pessoais. Suzane também teria reações imprevisíveis e conduta dissimulada. Em outras palavras, um comportamento falso, fingido. E mais: os valores éticos e familiares dela, segundo os psicólogos, seriam produto de um discurso pronto, sem autenticidade. “Os psicólogos utilizaram as duas técnicas mais indicadas no caso. Foram avaliadas, com toda seriedade, e se tornou um exame imbatível pela sua qualidade, pela maneira como foi feita”, elogia Alvino Augusto de Sá. De acordo com o professor da USP, os psiquiatras que participaram do exame criminológico não tiveram a mesma opinião dos psicólogos. Os médicos concluíram que Suzane não sofre de doença mental e que, em liberdade, dificilmente cometeria outro crime.

Decisão

O resultado do exame psicológico serviu de base para a Justiça tomar uma decisão. Suzane, arrependida ou não, ainda deve ficar mais tempo na cadeia, longe do convívio social. Na decisão, de outubro deste ano, disponível na íntegra na internet, a juíza Sueli Armani cita as principais conclusões do exame, como a facilidade que Suzane tem de perder o controle emocional. A sentença afirma que a aparente fragilidade da jovem constitui flagrante dissimulação e que o bom comportamento na cadeia pode ser intencional, por conveniências próprias, visando à obtenção de benefícios. A juíza negou a concessão do regime semiaberto a Suzane Richthofen. Ou seja, ela vai continuar presa. A defesa da jovem já entrou com recurso na Justiça. O professor de criminologia da USP acredita que um dia a presa pode até ter uma vida normal, fora da cadeia. “Se ela tiver uma boa assistência terapêutica, acho que tem condições de um dia voltar mais consciente, mais segura, mais resistente à frustração”, aposta Sá. Se nenhum beneficio for concedido pela Justiça, Suzane Richthofen só deve vai sair da prisão em 2040.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sucessão Estadual

Que venha o Zeca", diz André, conformado
Posso estar meio abestalhado pelo fato de ter sido recebido em audiência pelo governador André Puccinelli (foto), esta semana, mas confesso que saí de seu gabinete, depois de uma longa prosa, fazendo uma leitura diferente da sucessão estadual. Primeiro porque quando todo mundo diz que o homem anda uma fera, chutando até a sombra, por causa dos desacertos com o PT, Puccinelli surpreendeu-me, muito mais pela disposição de falar de política e de seu governo do que pela franqueza que o faz sair do sério de vez em sempre. E foi essa disposição de falar de política, com o peito aberto e de forma tão descontraída que me fez vê-lo mais aliviado diante da "irreversibilidade" da candidatura de Zeca do PT. "Que venha o Zeca, pau nele de novo", disse, numa alusão à eleição que ganhou do petista por apenas 411 votos, lá atrás, para a prefeitura de Campo Grande.
O governador está convencido de que Zeca não tem mais como recuar, depois de tudo o que andou falando nos últimos dias. Mas confessou que até aqui trabalhava com um cenário diferente. Não que ele assim preferisse, mas o que lhe parecia mais racional: Egon Krakhecke candidato a governador, Zeca e Delcídio candidatos ao Senado. Egon seria, então, o tal candidato laranja? Laranja uma ova! André não disse isso, mas pode ter pensado algo semelhante. E este, talvez, mesmo que inconscientemente, pode ter sido o motivo de tanta inquietação de quem não dá um pio sem ler pesquisas de intenção de votos e as interpreta como ninguém. Imagine uma chapa puro-sangue petista como esta, abençoada por Lula da Silva! Sim, com Egon KKK, que nas eleições passadas, como candidato a senador, teve mais votos que Delcídio Amaral, o candidato a governador do partido. E, lembrando, Egon sendo de Dourados, cidade-polo de uma região que almeja tanto ter um governador, com dois candidatos pesos-pesado a senador.
Mesmo sendo este um assunto "resolvido", André dá mostras de que ainda tem muitas pedras para mexer no tabuleiro da sucessão estadual. Ontem, por exemplo, um take em sua propaganda de TV deve ter deixado muita gente com a pulga atrás da orelha: ele e Delcídio do Amaral em pose de campanha, de mãos dadas, entrelaçadas e levantadas, durante a inauguração de uma ponte, no Pantanal. Hoje, no Correio do Estado, o mesmo Delcídio embaralhando o jogo novamente, lançando dúvidas sobre a candidatura do companheiro Zeca do PT. Outra carta na manga seria a volta do filho pródigo Dagoberto Nogueira. Apesar de tudo o que tem dito por aí, há quem garanta que o pupilo de João Leite Schimidt não vê a hora de ser convocado para uma conversa de pé-de-orelha naquela mesma sala donde esta semana tirei tão estapafúrdias conclusões. (Walfrido Silva)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Aquecimento Global

2009 é um dos anos mais quentes da história

Às vésperas da reunião das Nações Unidas sobre o clima, que será realizada em Copenhague em dezembro, a Grã-Bretanha divulgou um relatório que afirma que 2009 já está entre os cinco anos mais quentes de toda a história. Segundo o documento, os recordes começaram a ser registrados há 150 anos.

O serviço de projeção meteorológica do país explicou que, embora o frio na Europa esteja sendo bastante significativo no final deste ano, a temperatura, no geral, foi superior à registrada em 2008.
Alguns especialistas mais céticos acreditam que a temperatura só começou a subir de verdade na última década, graças ao fenômeno La Niña, responsável pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental.
Indiferente aos fenômenos apontados como causa das mudanças climáticas destacados por outras pesquisas, o órgão britânico faz questão de ressaltar que 2009 já ocupa a quinta posição no ranking de anos mais quentes da história e ainda alerta para as previsões que dão conta de temperaturas ainda mais altas em 2010.

Natal em Guaíra

Prefeitura Municipal de Guaíra faz repasse
de R$37.480,00 para a Campanha de Natal da ACIAG

Em convênio celebrado entre a Prefeitura Municipal de Guaíra e ACIAG (Associação Comercial e Industrial de Guaíra) para a Campanha de Natal, lançou-se nesta quarta-feira (18) com a presença de várias autoridades, empresários e comerciantes.
Nos termos da lei Nº.8.666/93, suas alterações e lei municipal Nº.1.657/2009, resolução de transferências voluntárias Nº.03/2006 do TCE/PR e Decreto Municipal Nº.088/2007, a Administração Municipal fez repasse financeiro de R$37.480,00 à ACIAG, em colaboração com sua campanha de Natal deste ano.
Para o prefeito, Manoel Kuba, “este convênio certamente aumentará o movimento do comércio de nossa cidade e é neste momento que o poder público tem que dar sua parcela de contribuição”.
Com a força comprovada do comércio, empenho dos empresários e as premiações que serão distribuídas, com destaque para o veículo FIAT Siena 0km, a atração será direcionada não só para os habitantes de Guaíra, mas também para a micrroregião.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Papai Noel

Voce não precisa acreditar
em Papai noel, mais pode ser um

O que é:
O Projeto Papai Noel dos Correios é uma ação corporativa, desenvolvida em todas as 28 diretorias regionais, que tem como foco principal o envio de carta-resposta às crianças que escrevem ao “Papai Noel”. O objetivo central é manter a magia do Natal.

A quem se destina?
O destinatário do projeto é a criança que envia pelos Correios uma cartinha ao Papai Noel. As cartas que partem das comunidades carentes em todo o País são separadas e colocadas à disposição da sociedade para quem quiser adotá-las. Ou seja, nem todas as crianças carentes serão necessariamente atendidas.

Como é feita a triagem?
Inicialmente são descartadas as correspondências que não contêm remetentes ou as com endereços repetidos. Portanto, não adianta mandar mais de uma carta, pois não se trata de sorteio. Assim, é importante o correto preenchimento do nome e endereço do destinatário, com CEP. Cartas de adultos não são atendidas, bem como pedidos de medicamentos, celular, MP3, DVD, notebooks e afins. Os critérios de atendimento de pedidos são razoabilidade e possibilidade.
Cada Regional tem um método de trabalho para classificação e seleção das cartas destinadas para adoção, considerando diversos fatores, tais como: tamanho da área abrangida, número de correspondências, número de adoções, número de voluntários envolvidos, etc.
Em 1997, a iniciativa transformou-se em projeto corporativo, passando a ser desenvolvida em todas as 28 Diretorias Regionais da empresa.

Números:
Desde a criação do projeto o número de correspondências vem aumentando. Abaixo, os dados dos últimos quatro anos:
Ano Cartas recebidas Cartas respondidas Cartas adotadas
2005====395.183=====145.474=======130.655
2006====501.605=====177.549=======226.934
2007====792.760=====231.552=======357.971
2008====1.078.711====365.446=======464.481

Quem pode colaborar?
Todas as pessoas da sociedade podem colaborar, tanto como voluntários para auxiliar na leitura e triagem das cartas, como para adotar um pedido. Para isso, basta entrar em contato com os Correios de sua região .
* Os interessados em adotar uma cartinha podem procurar, de 09 de novembro a 18 de dezembro, em uma unidade dos Correios mais próxima de sua casa.
Nós, do Planeta Voluntários, convidamos você a servir e a apoiar os outros com devoção e compaixão.
Faça você também uma criança sorrir neste Natal.
Seja Voluntário você Também!

sábado, 7 de novembro de 2009

Nos Tempos do Imperador

Educação nos Tempos
do Imperador D. Pedro II

Koseritz, o Jornalista: Eu sei que o imperador faz o possível. Mantém na Quinta da Boa Vista a sua própria custa uma escola particular dirigida por três professores e frequentada por 200 alunos e alunas pobres. Soube que possui todo o material moderno e uma biblioteca própria, além de curso noturno para os adultos da colônia de famílias para a qual Majestade forneceu terra e teto. Sei que o imperador vive nas condições mais modestas, como nenhum presidente de pequena República seria capaz de aceitar, e sei que dos 800 contos da sua lista civil gasta mais de 700 com obras de caridade, dispêndios ligados à instrução pública e bolsas de estudo para apoiar novos talentos.

D. Pedro: Se eu gastasse com a monarquia a minha lista civil poderia viver com grande luxo. Ainda ontem, quando se discutia o orçamento que deve ser apresentado às câmaras, desejou-se, em face da necessidade de economias forçadas, diminuir a verba para a instrução. Prefiro cortar da minha verba e não ganhar nada do que cortar a verba para a instrução pública. Perdi o sono por incontáveis noites de tanto que me afligi com essa e outras questões políticas. Por mais que eu governe, todo o esforço parece fadado ao esquecimento.

Morre Anselo Duarte

Duarte, de 89 anos, morreu na madrugada deste sábado, à 1h30, no Hospital das Clínicas, onde estava internado desde o último dia 28. Segundo o filho do diretor, o empresário Ricardo Duarte, ele sofreu o terceiro acidente vascular cerebral e ainda lutava contra um câncer na bexiga.

A Carreira do Ator
Anselmo Duarte começou sua trajetória artística como figurante do longa "It's all true", de 1942, que o diretor americano Orson Welles filmou no Brasil mas não chegou a finalizar.
Duarte seguiu na carreira de ator até até o fim da década de 40 e depois na de 50, quando recebeu o título de galã graças ao filme "Carnaval no fogo". Estrelou produções das companhias de cinema Atlântida, Cinédia e Vera Cruz.

O filme “O pagador de promessas”, baseado no texto de Dias Gomes e protagonizado por Leonardo Villar e Gloria Menezes, foi sua grande consagração. O longa concorreu ao Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro e venceu a Palma de Ouro em Cannes, um dos principais eventos cinematográficos do mundo.
Rodado em Salvador, o longa é uma dura crítica à intolerância da Igreja e aborda a mistura de religiões no Brasil.O elenco também tem os atores Othon Bastos e Norma Bengell. Além de diretor, Duarte também foi ator e roteirista de mais de 40 longas nacionais. Destaque para “O caçador de esmeraldas” (1979), “O marginal” (1974) e “Um certo capitão Rodrigo” (1971). Seu último trabalho no cinema foi como ator no filme “Brasa adormecida” (1987), de Djalma Limongi Batista, que também tem no elenco Maitê Proença, Edson Celulari e Sérgio Mamberti.

O Instituto Anselmo Duarte tem planos de restaurar 26 filmes do cineasta, para serem lançados em DVD e distribuídos gratuitamente em 10 mil instituições culturais do Brasil. Batizado de “Projeto Anselmo Duarte”, o empreendimento foi aprovado pelo Ministério da Cultura e está em fase de captação de recursos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O muro de 155 km de extensão dividia Berlim em duas partes

Merkel: "O muro é história, a reunificação já é uma realidade"
Angela Merkel teve várias semanas de extrema agitação. A chefe de Estado alemã triunfou nesta terça-feira com um discurso diante do Congresso norte-americano. Houve longas ovações para a primeira chanceler do Leste na Alemanha unificada. O lado ruim da história aconteceu em seu regresso ao país, quando ela recebeu a notícia da anulação da venda da Opel por parte da General Motors.

Não obstante, apesar das intermináveis jornadas de trabalho e do acúmulo de problemas, Merkel quis receber na chancelaria um grupo de jornalistas internacionais. A chanceler entrou na "pequena sala" do Congresso de ministros. Cumprimentou os repórteres um a um e se sentou à grande mesa em cujo centro um relógio marcava as 12 horas em ponto. Ao fundo da sala, o quadro de H.P. Zimmer "9 de novembro de 1989" dá uma impressão alegre do fato de que Merkel queria falar: a queda do Muro de Berlim, cujo vigésimo aniversário se comemora na próxima segunda-feira.Aos 55 anos, Angela Merkel, criada na República Democrática Alemã (RDA), acredita a esta altura que "o muro já começa a fazer parte da história, não mais como uma lembrança viva na mente dos alemães; a reunificação é uma realidade [depois de anos de esforço e um enorme custo econômico]". "Nos movemos no fio entre presente e passado; muita gente pode contar de primeira mão o que aconteceu [há 20 anos], mas o mais importante foi obtido", explica a chanceler.Talvez por isso Merkel tenha deixado sua habitual hesitação para falar de sua infância e juventude no Leste e do acontecimento que a levou do Instituto Central de Físico-Química na RDA a protagonizar uma carreira política cuja última etapa, por enquanto, foi sua reeleição em 27 de setembro passado para chefiar o governo alemão. A oitava chanceler da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial lembra que "morava na Schönhauser Allee. Era preciso madrugar muito, algo absurdo porque às 7h15 um cientista não pode trabalhar bem. Quando um dia voltei do trabalho para casa, liguei a televisão e lá estava Schabowski". Aquela entrevista coletiva do dirigente comunista Günter Schabowski foi o estopim da abertura da fronteira entre as duas Alemanhas e da queda da Cortina de Ferro. Como muitos, Merkel admite: "Não entendi exatamente o que Schabowski queria dizer, mas telefonei para minha mãe imediatamente para lhe dizer que me parecia que iam abrir o muro".Uma ditadura de 35 anos marca. Merkel o admite. Seu estilo de liderança, totalmente oposto ao dos vociferantes dirigentes de alguns países europeus, encontrou uma raiz naquele passado. Ela reconhece: "Meu estilo político se baseia em primeiro lugar em meu caráter. Em minha formação como física, em minha região de nascimento... Além disso, influi o fato de eu ser mulher. Pode-se dizer que ter vivido na RDA é minha quarta influência".

Pedaços do muro de Berlim pelo mundo
Nesta quinta-feira Merkel estava visivelmente cansada por sua recente viagem transatlântica, pelo provável "jet lag" e pelas semanas de negociações para formar a coalizão entre seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), e os liberais (FDP). Ela tirou do governo os social-democratas de maneira decidida. No ponto máximo de sua carreira, depois de negociações das quais sai fortalecida politicamente, Merkel explica: "Desde que o muro caiu me surpreendeu que as pessoas no Ocidente falassem tão claro e tão alto. Quando se lia o jornal na ditadura era preciso saber ler nas entrelinhas. Uma leve inflexão, uma troca de palavras já era reveladora. Em minha carreira política tornei-me mais explícita, porque senão as pessoas não percebem o que quero. Nas democracias abertas é preciso argumentar com muito mais dureza". "A RDA", prosseguiu, "não era um Estado de direito. Não tinha eleições livres, liberdade de imprensa nem de consciência. Os momentos essenciais de um Estado de direito não existiam."Sobre os restos daquela divisão de quatro décadas, advertiu que "é preciso levar em conta que, desde a chegada dos nazistas ao poder em 1933, o leste da Alemanha viveu primeiro a ditadura nazista e depois a ditadura comunista". A essa falta de costume democrático, somam-se as dificuldades sociais. "Por exemplo, 12% eram agricultores. De um dia para o outro, com a entrada na União Europeia, a porcentagem caiu para 1 ou 2%. Há regiões com 20% de desemprego, onde as pessoas ainda se perguntam o que aconteceu."

MS FORTE: de onde vêm os Recursos

De onde vêm os Recursos do MS Forte?
Gostaria de parabenizar o Mato Grosso do Sul pela conquista relativa ao lançamento do programa MS Forte. Trata-se de um pacote de ações – movimentando cerca de R$ 3 bilhões - que contempla todos os rincões do estado e que, implementado, vai gerar empregos e riquezas para todos os sul-mato-grossenses. No entanto, para fazer justiça, é preciso deixar claro de onde vêm os recursos que possibilitarão a concretização deste pacote de ações.No que se refere aos valores aplicados pelo Governo do Estado, fica claro que é impossível a sua participação em 80% dos investimentos – como disseram alguns. A lógica nos induz ao raciocínio de que esta participação não tem como ser maior do que 20%, isto se o Governo Estadual conseguir os recursos que não dispõe na forma de empréstimo.É notório que, com uma receita anual média de 3,2 bilhões, dos quais 95% são consumidos com despesas de caráter obrigatório - tais como pagamento de salários, investimentos e aplicações em saúde e educação, repasse aos poderes legislativo e judiciário, pagamento de empréstimos, entre outros - não há como economizar mais do que 150 milhões por ano, o que, em um cenário otimista, significaria um pacote de 600 milhões. Isso se não tivesse sido gasto nenhum centavo nos anos anteriores, o que, com toda certeza, não aconteceu em Mato Grosso do SulEm uma análise primeira conclui-se que os investimentos e obras com maior impacto econômico e financeiro advêm de fontes não estaduais, ou seja, apresentam como fontes de financiamento de recursos federais, privados e promessas de financiamento junto a organismos financeiros internacionais.É óbvio que para uma análise mais detalhada deveremos lançar mão de ampla prospecção dos investimentos previstos nas áreas de habitação, saneamento básico e urbanização de favelas ou de fundos de vale, pois, nitidamente, aparenta-nos como decorrentes, em sua totalidade, a exceção da contrapartida, de recursos federais. Como exemplo, podemos destacar as obras para a construção habitacional, as quais, são viabilizadas ou por recursos da Caixa Econômica Federal, em todas as suas modalidades previstas, ou por recursos do Orçamento Geral da União, como é o caso do FNHIS, PAC, entre outras.Uma rápida observação sobre as ações propostas pelo Governo do Estado, mesmo tendo como base estimativas de custo, apontam para a participação maciça do Governo Lula na viabilização do MS Forte. É o que mostram as projeções abaixo, pinçadas do projeto divulgado na semana passada pelo Governo de Mato Grosso do Sul.- BR 359: Trata-se de obra financiada com recursos federais, podendo-se estimar que o valor para a execução dessa obra, na extensão de 104 km, será de, aproximadamente, R$ 105 milhões;- Com relação ao anel viário de Caarapó, verifica-se que há grande possibilidade do mesmo ser construído com recursos federais, pois se trata de ligação que envolve uma rodovia federal (BR 163). Na mesma linha de raciocínio, há a travessia urbana de Chapadão do Sul, a qual, mesmo mencionando-se tratar de rodovia estadual, o seu acesso poderá ser imposto a uma rodovia federal que por ali passa, o que viabilizaria a alocação de recursos federais tendo como foco a implantação de ACESSO a esta rodovia. O mesmo pode ser considerado com relação à travessia de Jardim, pois, ali se trata de rodovia federal que corta o município. Estes, acesso, travessia e contorno, deverão consumir aproximadamente R$15 milhões;- O investimento previsto na saúde (R$ 680 milhões) é decorrente de imposição legal e, o fato de ser aplicado em valor maior do que o verificado na administração anterior é puro reflexo do aumento da receita do próprio Governo do Estado. Assim, para que possamos ter uma radiografia coerente, devemos verificar os valores percentuais efetivamente aplicados na saúde, ano a ano, Administração por Administração, pois há a imposição de aplicação mínima de 12% da receita total anual do Governo Estadual nesta área. Como conseqüência lógica, deduz-se que o MS–FORTE está fazendo o que a lei obriga, aplicando o que lhe é imposto;- Com relação aos investimentos no programa SANEAMENTO É VIDA, nada há a declarar, pois, a própria cartilha reconhece que os R$ 171 milhões são financiados pelo PAC;- Quanto ao programa SEGURANÇA INTEGRADA E CIDADÃ, sabe-se que a construção de presídios e de UNEIS, além de equipamentos, fardas entre outros, são financiados, via de regra, por recursos do Ministério da Justiça (FUNRESP e FUNPEN), estima-se que para estas ações sejam, possivelmente, aplicados mais de 100 milhões em recursos da União;- Nada a comentar com relação ao programa CASA DA GENTE, diante da ciência de que a maioria dos recursos para a construção habitacional em todo o país advém de recursos federais, entre os quais se inserem aqueles disponibilizados pela Caixa Econômica Federal. Os investimentos totais previstos são de 350 milhões, dos quais, estima-se que aproximadamente 300 milhões são da União, através do OGU ou da Caixa Econômica Federal;- O programa MS-FORTE TURISMO, ÓTIMO NEGÓCIO, apresenta como ações financiadas por recursos que não estaduais a construção da Rodovia Bonito – Bodoquena (PRODETUR-SUL) e o Trem do Pantanal viabilizado pela iniciativa privada com apoio do governo federal. Estima-se que para a Rodovia o valor da obra seja de 70 milhões e, que para o Trem do Pantanal os investimentos sejam da ordem de 200 milhões. O Aquário do Pantanal é uma incógnita, pois, não foram identificadas as fontes de financiamento;- O contorno ferroviário de Três Lagoas será executado, na sua integralidade com recursos federais. Esta obra está orçada em 44 milhões;- A extensão da Ferroeste de Cascavel a Maracajú será executada com recursos do Governo Federal, pois faz parte do PAC. O valor total desta obra é de 1,3 bilhões, desta feita, entende-se que o trecho desta ferrovia no Estado do Mato Grosso do Sul deverá custar 600 milhões em função de sua extensão, o que corresponde a 18,75% do total dos investimentos anunciados no pacote;- A Rodovia Sul-Fronteira está sendo viabilizada com recursos federais, através do Ministério da Integração Nacional. O valor total desta obra é de 175 milhões;As Usinas Sucroenergéticas estão sendo construídas pela iniciativa privada e o Poliduto será construído com recursos federais. O trecho do poliduto no Mato Grosso do Sul deverá custar 250 milhões;- Os 1.291 km de linhas de transmissão são decorrentes da iniciativa federal, através de concessão ou de aplicação de recursos próprios da União, assim, NÃO HÁ UM CENTAVO DO GOVERNO DO ESTADO NESSA OBRA;- Com relação às AEROVIAS, a exceção da desapropriação da área anexa ao aeroporto de Campo Grande, os recursos aqui relacionados são da União. O valor total desta obra é de 250 milhões. O Governo do estado entrará apenas com uma área que já é sua (segundo informações da imprensa).- Rodovias Estaduais recuperadas e ampliadas com recursos federais: Campo Grande-Sidrolândia, Sidrolândia-Nioaque e Dourados-Ponta Porã.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A Intolerância do Governador

O Governador André Puccinelli

Honradez, integridade, boas maneiras, tolerância, autocontrole, civilidade, honestidade, contenção verbal, arrependimento e decoro foram analisados neste final de semana pela reportagem “Pequeno manual da civilidade”, da jornalista Juliana Linhares, na Veja. A matéria esmiúça “as pequenas vantagens de virtudes grandemente subestimadas” citando casos em que elas são esquecidas e dando voz à pensadores para que sejam analisadas e colocadas sob os holofotes do escrutínio do leitor. O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, foi o exemplo pinçado pela revista para ilustrar o tópico “tolerância”. É o nosso “italiano”, sempre levando o nome do estado aos píncaros.
Desafio diário
Na hora da raiva, das bravas, qual é o primeiro xingamento que lhe vem à cabeça? Em geral, nesses momentos o ser humano não é criativo e invoca diferenças de comportamento sexual, de origem familiar ou de grupo étnico. Pois o treinamento da aceitação das diferenças deve começar exatamente por aí. De todas as virtudes do campo da civilidade, a TOLERÂNCIA é a que mais exige autoaprendizagem. Quem acha que nunca, jamais conseguirá cumprimentar um torcedor do time adversário pode começar com coisas mais simples, como não ter espasmos visíveis diante do abuso do gerúndio ou prometer a si mesmo ao sair de casa que pelo menos naquele dia não vai comparar nenhuma mulher à fêmea de uma famosa ave natalina.
"Tolerância tem a ver com comportamentos diferentes daqueles que valorizamos e pelos quais temos repugnância. Exercê-la é importante não só para a convivência social como para a sanidade mental", diz Bolívar Lamounier.
O fato
Não é qualquer um que consegue fazer o país inteiro se solidarizar com um integrante do governo. Mas também não é qualquer um que usa o palavreado do governador de Mato Grosso do Sul, ANDRÉ PUCCINELLI, em relação ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc: "Ele é v... e fuma maconha. Se viesse aqui, eu ia correr atrás dele e estuprar em praça pública."
Para piorar, veio depois o típico pedido falso de desculpas: "Se alguém se sentiu ofendido..."
Desafio aos tolerantes urbanos: não achar que todo produtor rural é um brutamontes destruidor da natureza.
A análise
"O governador foi desmascarado em seus preconceitos mais bestiais. Em um momento em que se luta tanto contra discriminações, sejam elas de gênero, sejam sociais, o governador mostrou que não tem equilíbrio mental nem competência profissional para estar no cargo que ocupa", fulmina o cientista político Gaudêncio Torquato.